Alexis Azevedo*
Em Aracaju está na faixa de R$1,95. Falamos do aumento deslavado da tarifa de ônibus na capital sergipana. Um aumento que, objetivamente descrito, não é novo e não traz nenhuma melhoria para o conjunto da população. Ou ninguém sabia que os empresários, com total conivência da prefeitura, nos dariam esse presente de grego no começinho do ano? Ou será que o “circular cidade” está com pessoas bem acomodadas e passando no horário? Afinal, o que justifica mais um aumento senão a ganância e a avareza dos empresários?
A qualidade de vida tão alardeada durante a campanha de reeleição do prefeito Edvaldo Nogueira/PCdoB esbarra de frente com um sistema de transporte público caótico e com elevado custo para os trabalhadores e estudantes da grande Aracaju. Não temos transporte alternativo (sem contar a constante perseguição aos moto-taxistas), os ônibus estão sempre lotados, demoram a passar, os motoristas e cobradores tem péssimas condições de trabalho, os assaltos são cada vez mais freqüentes, e por aí passamos horas a definir problemas.
Para completar essa lamentável situação, o transporte que deveria ser entendido como prioridade dos governos e como política de estado, uma vez que se trata do transporte público, foi cedido através de concessões para a iniciativa privada com um detalhe bem peculiar: não houve licitação. Isso mesmo, aquela historinha jurídica na qual todas as empresas devem competir em pé de igualdade para prestar um serviço essencial ao povo não existe por essas bandas! Vale lembrar que com esse modelo de gestão para o transporte pagamos além dos custos com combustível, manutenção, salários, etc., o exorbitante lucro do empresário. Com isso, um pequeno grupo enche os bolsos com a exploração de muitos. E olhe que isso tudo não começou agora.
Como sabemos há uma contradição inconciliável entre prestar o melhor serviço para o povo e ter como objetivo o lucro. O primeiro fica a reboque do segundo. A fórmula exata da burguesia do transporte é: prestamos o melhor serviço que podemos para que não deixemos de lucrar! E a melhor coisa que conseguem fazer é a lata de sardinha suja e velha que andamos todos os dias! Por isso não podemos aceitar que “meia dúzia de engravatados no ar-condicionado” digam que estão pensando o melhor para a população enquanto exibem outdoors pela cidade com agradecimentos ao prefeito, ao mesmo tempo em que tratam com desumanidade aqueles que necessitam do “ônibus de cada dia” para garantir o sustento.
Numa cidade onde a qualidade de vida é para quem tem dinheiro o chamado está feito: Ampla mobilização da juventude e dos trabalhadores contra o aumento abusivo e descarado da tarifa de ônibus; melhoria imediata do transporte e das condições de trabalho; passe livre para estudantes e desempregados; retomada do controle deste direito pelo Estado. E sem a luta cotidiana não há muitas alternativas para alcançarmos vitórias, considerando o descaso da mídia vendida, os parlamentares financiados pelos empresários do transporte, da construção civil, etc., uma justiça dos ricos e um governo entregue aos interesses da elite.
Vamos à luta sim, mas sem a hipocrisia da juventude petista que fez nota contra o aumento da passagem apenas como um bonito teatrinho. Não nos esquecemos dos tempos de silêncio desta mesma juventude quando Deda foi prefeito por seis anos. Vamos à luta com organização, democracia, criatividade e ousadia cantando em alto e bom som pelas ruas e terminais: “Ô Edvaldo! Almofadinha! Eu quero ver você pegar um Tijuquinha!”
*Estudante de direito da UFS e membro do movimento resistência e luta – MRL